Fazendas de Valor #01

Produtor ou dono de terras?

29 de agosto de 2020
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Vamos iniciar uma nova seção de e-mails para tentar agregar ainda mais no seu desenvolvimento pessoal e profissional do ponto de vista de gestão de negócios rurais.

Essa atividade – gestão de fazendas – é muito complexa. Por mais que tentemos simplificar em algumas poucas coisas para deixar tudo mais fácil de ser absorvido, não existe um único fator ou um conjunto de poucas coisas que vão fazer a mágica acontecer.

A realidade é que não há milagres.

Mas se precisássemos resumir tudo sobre gestão e tudo que você precisa saber de importante para conseguir um desempenho elevado (boas rentabilidades) na fazenda, isso seria resumido em: gerar valor.

Eu confesso que tenho um pouco de dificuldade para explicar o que, de fato, significa esse termo. É aquele tipo de coisa que é difícil de explicar em palavras.

Até poderia utilizar alguns conceitos comuns para exemplificar, tais como:

“Gerar valor é crescer o patrimônio do proprietário” (essa inclusive é a definição que encontramos nos livros de administração financeira);

Ou “gerar valor é quando encontramos lucro econômico, ou seja, lucro acima do custo de oportunidade”;

Ou então “gerar valor é quando construímos um negócio que vale mais do que ele custa”;

São todas definições válidas e corretas. Mas suspeito que acabam não dizendo muitas coisas do ponto de vista prático.

Então acabamos na seguinte situação: temos o que é mais importante para ser entendido (que é gerar valor), mas não conseguimos compreender isso de forma prática.

O que fazer então?

Podemos olhar para o extremo oposto disso: a destruição de valor.

Se a geração de valor é tudo que queremos, a destruição de valor é tudo que NÃO queremos.

E, por mais curioso que possa ser, acredito que é mais fácil enxergar a destruição de valor do que a geração.

A destruição de valor é o resultado de todas as decisões que você toma na fazenda que vão gerar um resultado negativo para o patrimônio do proprietário da fazenda. Ou seja, toda decisão que o produtor toma hoje e que vai deixa-lo mais pobre no futuro.

Isso pode ser uma simples decisão sobre plantar uma safrinha tardia e totalmente fora da janela de plantio ou uma decisão complexa de fazer um investimento para começar uma fazenda do zero.

E agora eu gostaria de te perguntar: na sua opinião, a média das fazendas brasileiras, estão mais gerando valor ou mais destruindo valor?

Essa é uma pergunta sem respostas. Vale apenas para reflexão. Como não temos os dados de todas as fazendas, não temos como responder.

Mas suspeito de algo no mínimo curioso.

Minha suspeita é que se pegarmos os dados históricos, iremos enxergar uma geração de valor sim. Mas eu tenho uma suspeita ainda maior de que se excluirmos a valorização de terras da conta, nós enxergaríamos uma destruição de valor.

Isso na média, claro. Sempre há exceções.

Veja então que curioso (e isso se trata de uma mera suspeita minha): ao analisar os dados históricos, poderíamos encontrar geração de valor no final das contas. Mas se dividíssemos o que é oriundo dos ganhos imobiliários e o que é oriundo dos ganhos do negócio, iríamos ver uma discrepância muito grande.

Meu pedido é que você apenas reflita sobre essa minha suspeita e olhe para as fazendas que você tem contato, seja a sua, da sua família ou de seus clientes.

No momento em que tomamos uma decisão de entrar em um negócio na fazenda, em uma empresa rural, devemos automaticamente procurar gerar valor com esse negócio. A geração de valor imobiliária poderia ser um adicional muito bem-vindo, mas se o seu negócio não está gerando valor, não faz sentido estar nesse negócio. Se for pra ser assim, fiquemos então somente com a parte imobiliária.

E ora, se a maioria dos produtores rurais, sequer calcula o lucro da fazenda, não faz sentido ser empresário rural. Melhor ficar somente com a parte que está gerando valor e ser apenas dono de terras...

Um abraço,
Gabriel

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