Cartas de Gestão Rural #80

Planos para os planos

05 de novembro de 2021
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Ainda voltando aos poucos aos 100%, depois de uma semana acamado no hospital, nesta semana me dediquei mais a revisar alguns planejamentos e outros pontos relacionados à organização.

Planejamento em fazendas, geralmente, costuma ser um ponto de falha.

Imagine que planejamento é uma face da moeda, enquanto a outra é a execução. Quando existe um sem o outro, as chances aumentam para que algo dê errado.

Ou seja, executar muito (mesmo que a execução seja ótima) sem possuir planejamento pode gerar ineficiências muito grandes e prejudicar os resultados da fazenda.

E planejar muito (mesmo que seja o melhor plano de todos) mas falhar na execução, nos leva pelo mesmo caminho.

Mas há um grande problema nisso tudo.

Planos não dão certo na prática.

Eu não sei quantos planejamentos já fiz na vida, em todos os aspectos, mas não me lembro de nenhum que saiu exatamente como o planejado.

E é com esse pensamento que vamos construir o conteúdo de hoje.

Pergunta: você possui um planejamento para a sua fazenda?

Dizer que possui um planejamento de plantio ou para a criação do gado, não é necessariamente um planejamento. Muitas vezes você só está fazendo as coisas. Está apenas executando.

Procure realmente analisar e refletir sobre isso. Pelo que vejo, a enorme maioria dos produtores rurais, não possuem planos, mas sim uma execução baseada em alguns pontos.

Mas, vamos supor que você tenha feito um bom planejamento pra sua fazenda. Tudo bem organizado e feito com cuidado. Digamos que seja um plano para essa próxima safra e os próximos 3 anos.

Pulamos para novembro de 2022 e você constata que nada saiu como o planejado.

O que fazer?

Muda todo o planejamento? Segue com o que havia sido pensado? Joga tudo pro alto e desiste de pensar nisso?

O que você faria?

Fique a vontade para responder neste e-mail. Gostaria muito de ler seu ponto de vista.

Existe um jeito de pensar que diz que não se deve existir um Plano B. A ideia é que ele só iria atrapalhar porque criaria um “rota alternativa”. Portanto, deveríamos definir o Plano A e seguir com ele custe o que custar até que consigamos atingir os objetivos desse plano.

Essa é uma forma de pensar. Mas longe de ser a minha favorita.

Como disse antes, planos não dão certo na prática.

Aliás, não fazemos planos para eles darem certo. Fazemos planos para nos organizar. Simples assim.

E dentro de uma infinidade de possibilidades sobre o que pode acontecer, não vejo como algo inteligente ficar abraçado a um plano para sempre.

Por isso prefiro uma outra abordagem: Tenha um plano de A a Z.

Mas isso não quer dizer que você precise mapear tudo de novo e fazer mil e um planejamentos.

Faça um e quando estiver fazendo procure analisar o quão flexível ele é.

Identifique os pontos chaves e trabalhe cenários diferentes neles. Estresse o seu plano e defina rotas alternativas para esses cenários.

Faturou menos do que esperava na fazenda? O que pode ser ajustado diante disso então?

Produção foi menor do que o planejado? Como você vai usar o caixa para ajustar isso?

Custos estão subindo demais? O que pode ser feito para manter o fôlego financeiro da fazenda?

Um bom plano é um grande diferencial para obtenção de resultados satisfatórios.

De início você não precisa de nada muito elaborado, basta identificar onde está e onde quer chegar. Aí depois será o momento de sentar e trabalhar o roteiro para essa trajetória.

Mas a verdade é que eu nunca vi uma fazenda fazer um plano sozinha para si mesma. Ou o gestor da fazenda toma frente nisso ou as coisas vão sempre acontecer ao sabor do acaso.

Um grande abraço,
Gabriel

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