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OTIMIZAR OU EXPANDIR?
O que é melhor para a sua fazenda: expandir as operações ou otimizá-las?
Pense na sua empresa rural hoje, neste exato momento. Qual alternativa iria gerar mais retorno?
Seria mais vantajoso você destinar recursos para otimização do seu negócio ou para a expansão?
Em linhas gerais, estas duas estratégias não precisam estar em polos opostos. Elas podem até mesmo caminhar juntas. Entretanto, geralmente, uma delas acaba sendo priorizada, ou seja, possui um peso mais relevante.
Isso não acontece por desleixo dos gestores, mas sim por uma questão estratégica e até mesmo lógica.
Mas perceba que não se trata de uma decisão trivial. Pelo contrário. É uma decisão de cunho estratégico e, quando errada, pode comprometer os resultados futuros do negócio.
No texto de hoje, gostaria de levantar alguns pontos sobre como você deveria pensar sobre estas questões, o que você deveria analisar e o quais erros pode tentar evitar.
Inicialmente, entenda que isso é uma decisão sobre alocação de recursos. Mais precisamente, alocação de capital.
Ou seja, suponha que você acabou de ganhar 100 mil reais que você não esperava e decide investir esse capital na sua fazenda.
E vamos imaginar também que você só tenha duas alternativas sobre onde alocar este capital: Opção A) investir em otimização; ou Opção B) investir em expansão.
Qual caminho você iria seguir?
E mais importante do que a própria pergunta anterior, seria: quais motivos te fazem tomar essa escolha?
Para responder questões como essas, sempre será interessante analisar os números da fazenda. Daí já partimos de algo básico, sem números não há muito o que fazer para melhorar.
Mas, quais números?
Para uma decisão como essa eu pensaria em um conjunto de indicadores que podem te mostrar em qual estágio a sua fazenda se encontra. Vamos a eles...
#01 – Produtividade
Não faz muito sentido pensar em crescer se você não estiver conseguindo ser eficiente no seu tamanho atual.
Então eu acredito que o primeiro indicador e, talvez o mais óbvio e direto, para essa decisão é analisar se a sua fazenda já possui produtividades elevadas.
E o que seria uma produtividade elevada?
Seria uma produtividade muito próxima ao potencial produtivo da sua atividade ou da sua fazenda.
Uma vez que você já esteja conseguindo obter produtividades elevadas, isso significa que você está eficiente na operação e faz total sentido pensar em expandir.
Do contrário, você deve destinar mais investimentos, foco e energia em se tornar eficiente, ou seja, em otimizar a operação atual.
#02 – Custos Variáveis
Você precisa classificar as despesas da fazenda quanto a serem fixas ou variáveis, ok? Essa é uma classificação muito simples, mas extremamente importante.
Analisando os custos variáveis e, mais precisamente, qual o tamanho da fatia que eles estão pegando do custo total você poderá ter uma ideia do seu custo marginal.
De maneira resumida, o custo marginal é o custo adicional por se produzir uma unidade a mais do seu produto.
E a teoria econômica nos diz que o “tamanho ideal” da fazenda seria aquele em que o custo marginal fosse igual à receita marginal, isto é, a receita adicional por se produzir uma unidade a mais do produto.
Sendo assim, faz sentido tentar estimar esse custo marginal. E a teoria econômica também nos mostra que uma das formas de estimar este custo marginal seria tomar como verdade que o custo marginal seja igual ao custo variável médio.
Essa é uma forma grosseira para ser honesto e deve ser usada com um pouco de cuidado. Mas não podemos negar que seja útil em alguns casos.
Mas a ideia básica é: quanto maior a fatia que o custo variável pega do custo total, mais próximo ele vai estar de ser igual ao custo marginal e menos indicado será o aumento de produção.
Veja, imagine uma situação extrema em que o custo variável responda por 99,9% do custo total. Praticamente, o custo marginal será igual ao custo variável médio e uma vez que existem rendimentos decrescentes em escala, tal situação já estaria representando um custo marginal superior às receitas marginais.
Trocando em miúdos: você estaria em uma zona de “prejuízo marginal”. Ou seja, um lucro negativo para cada unidade a mais produzida.
Portanto, analisar como está a distribuição dos seus custos fixos e variáveis é o segundo ponto fundamental que poderíamos analisar.
#03 – A margem de contribuição
Em linha com o ponto anterior, já que as despesas variáveis vão determinar a margem de contribuição, quanto menor a margem de contribuição, mais você deveria pensar em otimizar a produção ao invés de pensar em expandir.
De certa forma, você pode “ler” a margem de contribuição como sendo o quanto cada unidade produzida contribui para o seu lucro.
Se ela for pequena, significa que cada unidade está contribuindo pouco e o mais interessante seria você pensar em como fazer para que essa contribuição aumente. Ou seja, otimizar.
#04 – Qual a fase de vida da sua fazenda?
Nós já falamos sobre isso em um texto passado. Mas empresas e fazendas possuem fases de vida.
Sendo que algumas fazendas podem até mesmo ser consideradas “Fazendas Zumbis”. Estão mortas, mas ainda funcionando.
As 4 fases de vida de uma fazenda são: início; crescimento; maturidade; e declínio. E, claro, devemos trabalhar para evitar a última fase.
Mas o fato é que se a sua fazenda estiver no início ou mesmo na fase de crescimento você pode “tapar os olhos” para alguns dos pontos que nós falamos acima (mas cuidado para não tapar demais e acabar ficando cego!) e “sacrificar” um pouco dos seus lucros em prol de crescimento.
Percebeu a sutileza?
Não há almoço grátis. Geralmente, negócios que estão em estágios de crescimento, acabam sacrificando os lucros atuais em prol de lucros maiores no futuro.
O problema comum que ocorre, são produtores que querem expandir ao mesmo tempo em que se aproveitam dos lucros atuais. Geralmente não é algo que tem sustentação.
Mas enfim, analisar o estágio que a sua fazenda está no ciclo de vida é importante.
Fazendas já maduras, com tamanho adequado, podem pensar mais em otimizar as operações.
E para finalizar este texto, sugiro que você sempre pense com base nos seus orçamentos.
Todo orçamento deve começar pelo orçamento de receitas, deve passar pelo orçamento de despesas, chegar no orçamento de investimento e terminar no orçamento de financiamentos.
No orçamento de investimentos, procure analisar quanto você tem para investir (seja em expansão ou otimização). E aí você procure alternativas para alocar esse capital de forma que consiga obter maiores retornos para a sua fazenda.
Não há decisão certa ou errada. Existe aquela mais adequada para o momento e cabe a você, como gestor da fazenda, analisar e se decidir.
Não há milagres também. Só trabalho, que quando bem feito, gera retornos.
Um forte abraço,
AutorGabriel H. Lima Eng. agrônomo e fundador da Maja Consultoria
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